
Noite de quinta-feira, 26 de Julho de 2007
Foi por volta das oito horas da noite que a turma de Biologia deixou a sala 308 do bloco de ciências biológicas.
─ É sério isso? – Jennifer perguntou, sorrindo em seguida.
─ Infelizmente. – Caio respondeu.
─ Uau! – ela riu ─ Eu daria tudo pra estar nesse ensaio. Como deve ser você dançando valsa, hein?
─ É melhor você nem saber. – ele riu.
─ Ah, vai, fala sério! Não pode ser tão ruim assim.
─ Você fala isso porque não é você quem vai ser o príncipe na festa de quinze anos de uma adolescente mimada e exibida.
Caio e Jennifer já cruzavam a passarela que dava para o bloco de entrada da faculdade quando ouviram alguém gritando:
─ Ei, Caio! Caio!
Caio voltou-se em direção a voz e viu Roger, na quadra da faculdade, com o braço estendido para o alto. Estava sem camisa e além da bermuda e tênis, usava um boné preto com a aba para trás.
─ Quem é ele? – quis saber Jennifer.
─ É um amigo.
─ Que estranho...
─ O que? – ele perguntou.
─ Eu tenho a impressão de que já o vi em algum lugar antes.
─ Vai ver que sim, não dizem que esse mundo é pequeno?
─ É sim, mas vai lá falar com ele, o coitado até parou de jogar para falar com você.
Caio olhou para a amiga e colega de faculdade e estudou seu conselho.
─ É, tem razão. Você espera aqui?
─ Eu vou dar uma passada lá na biblioteca, acho que já vou adiantar o trabalho da professora Solange. Depois eu vou com o meu vizinho, ele deve sair as dez, aí dá um bom intervalo de estudo, afinal eu sei que se for para casa agora, com certeza não vou estudar.
─ Tem certeza?
─ Tenho sim. – ela olhou em direção a quadra e viu Roger correndo em direção a eles. ─ Ih, lá vem o seu amigo.
Caio voltou-se para trás e viu Roger a poucos metros deles. Estava completamente suado, tinha uma camisa regata de cor cinza sobre o ombro esquerdo e já havia tirado o boné para refrescar mais a cabeça.
─ E aí, cara! – falou Roger dando um tapa de leve nas costas de Caio ─ Tudo certo?
─ Tudo sim.
Roger fitou Jennifer.
─ Oi! Tudo bem?
─ Tudo. – disse ela, sorrindo simpaticamente.
Caio manifestou-se:
─ Deixe-me apresentar vocês. Esta é Jennifer, uma grande amiga e colega de sala. E Jennifer, este é o Roger.
Roger estendeu a mão em cumprimento.
─ Prazer.
─ O prazer é meu. – ela sorriu novamente e estava curiosa demais para deixar de perguntar: ─ Você estuda aqui?
─ Não. Eu venho aqui só de vez em quando para jogar basquete com a galera. Um amigo meu faz administração aqui e reserva a quadra pra gente.
─ Ah sim.
Roger fitou Caio quando perguntou, em tom de brincadeira:
─ E você, amigo, matando aula já cedo?
Jennifer e Caio sorriram.
─ Não, que é isso! Eu não sou de matar aula. É que hoje um professor não veio, parece que está doente.
─ Ah, sim.
─ Isso é verdade. O Caio é o maior cdf, não perde uma aula. E por falar em aula, eu vou ter que adiantar a matéria da professora de hoje, vocês me dão licença?
─ Claro. – disse Roger ─ Fique à vontade, eu também já estou indo embora.
─ Então eu vou andando. – disse Jennifer se despedindo de Caio com um beijo no rosto e de Roger com um aperto de mão. ─ Tchau pra vocês.
─ Tchau. – disseram ao mesmo tempo.
E Jennifer se afastava segundos depois.
─ Maneira essa sua amiga. – comentou Roger.
─ É. – Caio sorriu, mesmo sem saber por qual motivo ─ Eu adoro a Jenny, ela é uma espécie de irmã pra mim.
─ Você é filho único?
─ Não. Tenho um irmão gêmeo.
─ Sério? – e Roger levantou as sobrancelhas em sinal de surpresa.
─ É, mas não somos gêmeos idênticos, graças a Deus. Ele também estuda aqui, faz Direito.
─ E você faz qual curso?
─ Biologia. O meu período é à tarde, mas excepcionalmente nas três primeiras semanas do segundo semestre as nossas aulas serão à noite, depois volta ao normal.
─ Ahn.
Houve um período de silêncio entre eles, o que gerou um incômodo muito grande em Caio, que logo perguntou:
─ E você o que pretende fazer?
─ Bom, nesse momento, acho que já vou pra casa, já está ficando um pouco tarde para voltar a pé, ainda mais que eu moro longe.
Caio soltou uma risada.
─ O que foi? – quis saber Roger.
─ Não, eu perguntei que curso pretende fazer.
Foi a vez de Roger rir, considerando a sua fala anterior uma verdadeira idiotice frente a pergunta que Caio tinha feito.
─ Eu ainda não sei, mas provavelmente Comunicação Social.
─ É um curso muito interessante, tenho dois amigos aqui que fazem Comunicação Social, se você precisar de alguma orientação com relação ao curso, eu posso falar com eles.
─ Seria uma boa. – Roger sorriu entusiasmado com a proposta.
─ Pena que eles já saem tarde, se não falaria com eles até hoje mesmo.
─ Não, sem problema quanto a isso, brother, deixa para uma outra vez.
─ Tudo bem então.
─ Agora eu já estou indo, brother, daqui a pouco vai passar o busão.
─ Não quer uma carona? Eu estou de carro hoje.
─ Valeu aí, cara, mas não quero tirar você de seu trajeto normal e além do mais eu estou todo sujo, suado...
─ Sem problema pra mim, isso não iria me incomodar.
─ Pô, mas pelo menos deixa eu te dar um dinheiro pela gasolina. – disse isso já tirando a carteira do bolso lateral da bermuda.
─ O que é isso, cara! Deixa de bobeira, isso não é um serviço de táxi não.
Ele já havia tirado cinquenta reais da carteira e estendia a nota a frente de Caio.
─ Não, que é isso. Aceita aí, brother.
─ Não, Roger, nada disso. Guarda esse dinheiro aí, vai ser mais útil pra você em uma outra ocasião. Eu não vou aceitar.
Roger considerou a rejeição de Caio a seu gesto de forma aceitável e voltou a guardar o dinheiro na carteira.
─ Ok, mas eu fico te devendo essa.
Caio sorriu.
─ Certo. Agora vamos indo.
E os dois seguiram em direção ao portão da faculdade.
Gostaria fazer a traducao ao Inglés com permisao de voces.
ResponderExcluirraulito
raulito5@aol.com
Olha que legal essa parte, mas senti muita frieza pela parte do Caio quando reencontrou o Roger..Esperava outra reaçao, mas tambem pudera, ele viu o Roger sorrindo ao receber convite de uma mulher..mas sei la...achei que seria diferente...veremos nos proximos capitulos o que vai rolar...rs...
ResponderExcluirOxi, legal demais o Raulito ja querer traduzir o texto...