sexta-feira, 9 de julho de 2010

Parte 3

O hotel no qual Bruna estava hospedado era bastante sofisticado para o local em que estava situado. Nada comparado aos hotéis de grande centro, mas a estrutura de seis andares parecia cara demais para qualquer turista que não quisesse gastar muito. Assim que Bruna e Roger atingiram o corredor do quinto andar, ela o conduziu até o apartamento que estava ocupando.

É aqui. – disse ela, pegando a chave em sua bolsa e logo inserindo na fechadura Venha, entre! – ela disse enquanto acendia as luzes da sala.

Roger entrou e Bruna fechou a porta logo depois.

Vou na cozinha tomar um copo de suco, quer beber alguma coisa? ela perguntou ajeitando uma mecha do cabelo.

Não.

Tem certeza? Posso preparar uma vitamina se você não gostar de suco...

Não, eu não quero nada. – ele a interrompeu com certa irritação.

Como achar melhor. Pode se sentar, eu volto logo.

Bruna encaminhou-se em direção a cozinha e Roger continuou parado no meio da sala, entre os sofás, fitando o apartamento.

É, eu também gostei da decoração.

Roger virou-se num sobressalto. Parada atrás dele, Bruna tinha um copo de suco na mão e fitava Roger com admirável satisfação.

Desculpe se te assustei.

Por favor, Bruna, diga de uma vez o que você quer comigo.

Calma, darling, assim você corta todo o clima. ela sorriu.

Que clima? Ficou doida?

Não. Só acho que você está muito afobado. Se quer tanto agilizar a nossa conversa, poderia começar se sentando como o convidei. – e ela apontou de novo para o sofá.

Ele hesitou por um instante, pensou em argumentar que se sentiria melhor de pé, mas sabia o quanto Bruna era insistente quando fazia algum “convite”.

Ok. ele se sentou E agora?

Bruna sorriu e sentou-se ao seu lado ainda com o copo de suco na mão.

Está vendo só, ainda conseguimos nos entender.

E o que você quer falar comigo?

Ah, você não aprende mesmo. – ela falou isso com um sorriso de sarcasmo no rosto Tudo bem, vou te dizer o porquê de ter te procurado. – ela deixou o copo de suco no chão, ao lado do sofá Eu tenho uma proposta para te fazer.

Uma proposta?

Sim. Quero que voltemos a trabalhar juntos.

Roger levantou-se no mesmo instante.

Eu imaginava. – ele falou, bastante irritado Mas eu já disse que nós não temos mais nada para tratar, Bruna.

Poderia esperar que eu terminasse, por favor?

Não, eu já sei o que vai dizer, mas esse discurso já está velho, Bruna. Reconheço o quanto você me ajudou, mas só eu sei também o quanto me ferrei por sua causa. Pode esquecer!

Recusaria mesmo se você fosse o meu sócio?

Sócio?! ele espantou-se.

É. A Intimus continua dando um bom lucro, mas estou querendo expandir o negócio e só pensei em você. Para ser sincera ainda não me conformo de você ter nos deixado para vir trabalhar em Mitzi e ainda por cima numa boate hétero. O que faz na Ajiha? Come as menininhas na pista de dança?

O que eu faço lá não é problema seu!

Ok. – ela riu Não precisa ficar tão nervoso, foi só uma piada.

Ele sentia o rosto quente e estava completamente irritado. Definitivamente, ela sabia como tirá-lo do sério.

Será que podemos continuar a nossa conversa? ela perguntou com uma calma aparente na voz, fato que irritou ainda mais Roger.

Já disse que não aceito a proposta! Não há mais nada a ser falado! E eu estou indo embora.

Roger começou a se mover em direção a porta e já tinha a mão na maçaneta quando Bruna levantou-se do sofá e pediu:

Espera! Não vá embora ainda! Eu ainda tenho uma última proposta!

Roger parou, mas nem se quer voltou-se para fitá-la. Bruna continuou:

E se você também tomasse controle da Intimus ou mesmo se tornasse sócio dela também?

Esquece!

E ele saiu, batendo a porta atrás de si.

Droga! – Bruna esbravejou Por que você tem que ser tão burro hein, Roger?


****


Já passara das duas da tarde quando uma forte chuva começou a cair em Mitzi. Caio estava em frente ao computador quando o telefone celular do irmão começou a tocar. Ele ainda considerou a possibilidade de deixar o telefone tocando, mas não estava disposto a suportar o som que o aparelho emitia durante a chamada. Odiava telefones tocando por muito tempo. Levantou-se da cadeira, pegou o celular que estava sobre sua cama e atendeu, sem nem se dar ao trabalho de conferir o número e o nome da pessoa que ligava:

Alô.

Oi, meu amor! era uma voz feminina do outro lado da linha Como é que você está? Estou morrendo de saudades de você.

Aqui é o Caio, Simone. O Cássio não está em casa.

Dois segundos de silêncio.

Oi, Caio! Desculpe, pensei que fosse o seu irmão, afinal esse é o celular dele, não é? Ou será que eu disquei errado?

Não, esse é o celular dele mesmo, mas ele não está em casa, foi buscar a mamãe no shopping e acabou deixando o celular dele aqui no meu quarto.

Ahn... E você sabe a que horas ele volta?

Bem... Com essa chuva acho que ele deve demorar mais um pouco, até pelo menos a chuva ficar mais fraca, a mamãe odeia estar no trânsito em dia de chuva forte, por mais que ela não esteja no volante.

Ela tem razão, trânsito em dia de chuva é sempre mais perigoso.

Pois é... – disse Caio, como se não visse mais nada a ser acrescentado naquele diálogo desinteressante.

Mais alguns segundos de silêncio, até que Simone disse:

Pode fazer um favor pra mim?

Sim.

Quando o seu irmão chegar, avise que eu liguei e peça para ele ir me pegar na faculdade um pouco mais cedo hoje.

Tudo bem, eu aviso sim.

Pode ser lá pelas oito e meia, dez para as nove... Não creio que a aula de Sociologia vá passar disso.

Ok, eu dou o recado.

Obrigada, cunhadinho! Você é dez! É por isso que te adoro.

Quer deixar mais algum recado? ele perguntou, ignorando completamente o elogio de Simone.

Não, só esse mesmo.

Então está certo. Agora vou precisar desligar, estou ocupado com um projeto da faculdade.

Ah, claro! Tudo bem. Obrigada de novo, viu?

De nada. Tchau!

Tchau!

E ele desligou.


***


Você não pode estar falando sério? – Jennifer falou, incapaz de aceitar aquela notícia de forma natural.

Daniel apertou o volante com força, abaixou a cabeça e assentiu tristemente.

Não! Isso é mentira! – Jennifer começou a chorar Como você pode fazer isso comigo, Daniel?

Eu não sei o que me deu. – ele a encarou com os olhos marejados de lágrimas Mas eu assumo que errei, me perdoa.

Perdoar?!! – ela estava incrédula Isso não tem perdão, Daniel!

Daniel já estava chorando quando disse:

Eu sei que sou um canalha, mas eu te amo, Jenny.

Não me chame de Jenny! Meu nome fica sujo na sua boca quando eu penso... – a voz estava embargada Quando eu penso que você diz a mesma coisa para aquela vagabunda!

Não! O que aconteceu entre a Flávia e eu foi um erro, eu não a amo, eu nunca a amei!

Chega, Daniel! Será que você ainda não se deu conta do que está acontecendo? Você agora vai ser pai do filho de uma outra garota! Por que é tão difícil você aceitar isso?!

Eu já disse! Por que eu te amo e é com você que eu quero ficar.

Jennifer acertou-o com um tapa no rosto.

Cala a boca!! – ela gritou com todas as forças Por favor, não fala mais nada.

Ela chorava descontroladamente. Daniel tentava não chorar mais, mas era inútil, sentia-se culpado demais para agir com naturalidade depois de ter machucado a garota que amava.

Jenny... – ele quis abraçá-la, mas ela o afastou Por favor, não faz assim.

Ela o fitou fixamente.

Seja feliz com ela. O nosso namoro termina aqui, Daniel.

Jennifer soltou o cinto de segurança e já abria a porta do carro quando Daniel a deteve:

Onde vai?

Vou embora, me deixa sair.

Não pode ir embora assim, está chovendo lá fora.

Isso não é nada comparado a tudo o que ouvi aqui. Agora solta o meu braço.

Ele atendeu ao pedido quase que instantaneamente.

Eu te deixo em casa. - Daniel argumentou.

Não vai ser preciso, eu pego um táxi, um ônibus, o que quer que seja! Mas, nesse momento, eu só quero ficar longe de você.

Aquelas palavras duras atingiram Daniel com a mesma força de uma pancada na cabeça. Jennifer abriu a porta, desceu do carro e cruzou a pista, correndo, com sinal ainda aberto. Do carro, Daniel a viu esbarrar num estranho perto de uma moto e em seguida a viu se dirigir a um táxi parado a alguns metros a frente dela. Jennifer entrou e instante depois o táxi pôs-se em movimento, mas Daniel não teve coragem de segui-lo. Estava tudo acabo.


2 comentários:

  1. Nossa, momentos de tensão é o que não falta de modo algum nessa história. Que isso! To bobo ainda com o desenrolar!!! Louco pra próxima parte do texto..uhuhuhuhuhu

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  2. Hey, meu amigo! Fico feliz por você estar acompanhando a história. E pode esperar que outras parte virão. Ainda tem muita coisa pela frente. Abraço!

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