
O hotel no qual Bruna estava hospedado era bastante sofisticado para o local em que estava situado. Nada comparado aos hotéis de grande centro, mas a estrutura de seis andares parecia cara demais para qualquer turista que não quisesse gastar muito. Assim que Bruna e Roger atingiram o corredor do quinto andar, ela o conduziu até o apartamento que estava ocupando.
─ É aqui. – disse ela, pegando a chave em sua bolsa e logo inserindo na fechadura ─ Venha, entre! – ela disse enquanto acendia as luzes da sala.
Roger entrou e Bruna fechou a porta logo depois.
─ Vou na cozinha tomar um copo de suco, quer beber alguma coisa? – ela perguntou ajeitando uma mecha do cabelo.
─ Não.
─ Tem certeza? Posso preparar uma vitamina se você não gostar de suco...
─ Não, eu não quero nada. – ele a interrompeu com certa irritação.
─ Como achar melhor. Pode se sentar, eu volto logo.
Bruna encaminhou-se em direção a cozinha e Roger continuou parado no meio da sala, entre os sofás, fitando o apartamento.
─ É, eu também gostei da decoração.
Roger virou-se num sobressalto. Parada atrás dele, Bruna tinha um copo de suco na mão e fitava Roger com admirável satisfação.
─ Desculpe se te assustei.
─ Por favor, Bruna, diga de uma vez o que você quer comigo.
─ Calma, darling, assim você corta todo o clima. – ela sorriu.
─ Que clima? Ficou doida?
─ Não. Só acho que você está muito afobado. Se quer tanto agilizar a nossa conversa, poderia começar se sentando como o convidei. – e ela apontou de novo para o sofá.
Ele hesitou por um instante, pensou em argumentar que se sentiria melhor de pé, mas sabia o quanto Bruna era insistente quando fazia algum “convite”.
─ Ok. – ele se sentou ─ E agora?
Bruna sorriu e sentou-se ao seu lado ainda com o copo de suco na mão.
─ Está vendo só, ainda conseguimos nos entender.
─ E o que você quer falar comigo?
─ Ah, você não aprende mesmo. – ela falou isso com um sorriso de sarcasmo no rosto ─ Tudo bem, vou te dizer o porquê de ter te procurado. – ela deixou o copo de suco no chão, ao lado do sofá ─ Eu tenho uma proposta para te fazer.
─ Uma proposta?
─ Sim. Quero que voltemos a trabalhar juntos.
Roger levantou-se no mesmo instante.
─ Eu imaginava. – ele falou, bastante irritado ─ Mas eu já disse que nós não temos mais nada para tratar, Bruna.
─ Poderia esperar que eu terminasse, por favor?
─ Não, eu já sei o que vai dizer, mas esse discurso já está velho, Bruna. Reconheço o quanto você me ajudou, mas só eu sei também o quanto me ferrei por sua causa. Pode esquecer!
─ Recusaria mesmo se você fosse o meu sócio?
─ Sócio?! – ele espantou-se.
─ É. A Intimus continua dando um bom lucro, mas estou querendo expandir o negócio e só pensei em você. Para ser sincera ainda não me conformo de você ter nos deixado para vir trabalhar em Mitzi e ainda por cima numa boate hétero. O que faz na Ajiha? Come as menininhas na pista de dança?
─ O que eu faço lá não é problema seu!
─ Ok. – ela riu ─ Não precisa ficar tão nervoso, foi só uma piada.
Ele sentia o rosto quente e estava completamente irritado. Definitivamente, ela sabia como tirá-lo do sério.
─ Será que podemos continuar a nossa conversa? – ela perguntou com uma calma aparente na voz, fato que irritou ainda mais Roger.
─ Já disse que não aceito a proposta! Não há mais nada a ser falado! E eu estou indo embora.
Roger começou a se mover em direção a porta e já tinha a mão na maçaneta quando Bruna levantou-se do sofá e pediu:
─ Espera! Não vá embora ainda! Eu ainda tenho uma última proposta!
Roger parou, mas nem se quer voltou-se para fitá-la. Bruna continuou:
─ E se você também tomasse controle da Intimus ou mesmo se tornasse sócio dela também?
─ Esquece!
E ele saiu, batendo a porta atrás de si.
─ Droga! – Bruna esbravejou ─ Por que você tem que ser tão burro hein, Roger?
****
Já passara das duas da tarde quando uma forte chuva começou a cair em Mitzi. Caio estava em frente ao computador quando o telefone celular do irmão começou a tocar. Ele ainda considerou a possibilidade de deixar o telefone tocando, mas não estava disposto a suportar o som que o aparelho emitia durante a chamada. Odiava telefones tocando por muito tempo. Levantou-se da cadeira, pegou o celular que estava sobre sua cama e atendeu, sem nem se dar ao trabalho de conferir o número e o nome da pessoa que ligava:
─ Alô.
─ Oi, meu amor! – era uma voz feminina do outro lado da linha ─ Como é que você está? Estou morrendo de saudades de você.
─ Aqui é o Caio, Simone. O Cássio não está em casa.
Dois segundos de silêncio.
─ Oi, Caio! Desculpe, pensei que fosse o seu irmão, afinal esse é o celular dele, não é? Ou será que eu disquei errado?
─ Não, esse é o celular dele mesmo, mas ele não está em casa, foi buscar a mamãe no shopping e acabou deixando o celular dele aqui no meu quarto.
─ Ahn... E você sabe a que horas ele volta?
─ Bem... Com essa chuva acho que ele deve demorar mais um pouco, até pelo menos a chuva ficar mais fraca, a mamãe odeia estar no trânsito em dia de chuva forte, por mais que ela não esteja no volante.
─ Ela tem razão, trânsito em dia de chuva é sempre mais perigoso.
─ Pois é... – disse Caio, como se não visse mais nada a ser acrescentado naquele diálogo desinteressante.
Mais alguns segundos de silêncio, até que Simone disse:
─ Pode fazer um favor pra mim?
─ Sim.
─ Quando o seu irmão chegar, avise que eu liguei e peça para ele ir me pegar na faculdade um pouco mais cedo hoje.
─ Tudo bem, eu aviso sim.
─ Pode ser lá pelas oito e meia, dez para as nove... Não creio que a aula de Sociologia vá passar disso.
─ Ok, eu dou o recado.
─ Obrigada, cunhadinho! Você é dez! É por isso que te adoro.
─ Quer deixar mais algum recado? – ele perguntou, ignorando completamente o elogio de Simone.
─ Não, só esse mesmo.
─ Então está certo. Agora vou precisar desligar, estou ocupado com um projeto da faculdade.
─ Ah, claro! Tudo bem. Obrigada de novo, viu?
─ De nada. Tchau!
─ Tchau!
E ele desligou.
***
─ Você não pode estar falando sério? – Jennifer falou, incapaz de aceitar aquela notícia de forma natural.
Daniel apertou o volante com força, abaixou a cabeça e assentiu tristemente.
─ Não! Isso é mentira! – Jennifer começou a chorar ─ Como você pode fazer isso comigo, Daniel?
─ Eu não sei o que me deu. – ele a encarou com os olhos marejados de lágrimas ─ Mas eu assumo que errei, me perdoa.
─ Perdoar?!! – ela estava incrédula ─ Isso não tem perdão, Daniel!
Daniel já estava chorando quando disse:
─ Eu sei que sou um canalha, mas eu te amo, Jenny.
─ Não me chame de Jenny! Meu nome fica sujo na sua boca quando eu penso... – a voz estava embargada ─ Quando eu penso que você diz a mesma coisa para aquela vagabunda!
─ Não! O que aconteceu entre a Flávia e eu foi um erro, eu não a amo, eu nunca a amei!
─ Chega, Daniel! Será que você ainda não se deu conta do que está acontecendo? Você agora vai ser pai do filho de uma outra garota! Por que é tão difícil você aceitar isso?!
─ Eu já disse! Por que eu te amo e é com você que eu quero ficar.
Jennifer acertou-o com um tapa no rosto.
─ Cala a boca!! – ela gritou com todas as forças ─ Por favor, não fala mais nada.
Ela chorava descontroladamente. Daniel tentava não chorar mais, mas era inútil, sentia-se culpado demais para agir com naturalidade depois de ter machucado a garota que amava.
─ Jenny... – ele quis abraçá-la, mas ela o afastou ─ Por favor, não faz assim.
Ela o fitou fixamente.
─ Seja feliz com ela. O nosso namoro termina aqui, Daniel.
Jennifer soltou o cinto de segurança e já abria a porta do carro quando Daniel a deteve:
─ Onde vai?
─ Vou embora, me deixa sair.
─ Não pode ir embora assim, está chovendo lá fora.
─ Isso não é nada comparado a tudo o que ouvi aqui. Agora solta o meu braço.
Ele atendeu ao pedido quase que instantaneamente.
─ Eu te deixo em casa. - Daniel argumentou.
─ Não vai ser preciso, eu pego um táxi, um ônibus, o que quer que seja! Mas, nesse momento, eu só quero ficar longe de você.
Aquelas palavras duras atingiram Daniel com a mesma força de uma pancada na cabeça. Jennifer abriu a porta, desceu do carro e cruzou a pista, correndo, com sinal ainda aberto. Do carro, Daniel a viu esbarrar num estranho perto de uma moto e em seguida a viu se dirigir a um táxi parado a alguns metros a frente dela. Jennifer entrou e instante depois o táxi pôs-se em movimento, mas Daniel não teve coragem de segui-lo. Estava tudo acabo.
Nossa, momentos de tensão é o que não falta de modo algum nessa história. Que isso! To bobo ainda com o desenrolar!!! Louco pra próxima parte do texto..uhuhuhuhuhu
ResponderExcluirHey, meu amigo! Fico feliz por você estar acompanhando a história. E pode esperar que outras parte virão. Ainda tem muita coisa pela frente. Abraço!
ResponderExcluir